domingo, 20 de março de 2011

Fatos e Fotos




-Tapa um olho, pra poder ver! Dizia minha mãe.
E eu respondia: - Ah, é mesmo, olha lá a vovó na Igreja da Lapa!
Esse foi o meu primeiro contato com fotografia: Eram os antigos negativos no binóculo, lembra? Aqueles pequenininhos que precisava encostar o olho na lente para ver. Eu deveria ter uns 5 anos apenas. 

Cresci um pouquinho e minha mãe me chamava a atenção: - Não se desarrume menina, que vou chamar o fotógrafo!... Era quando eu chegava da escola com a fantasia da data festiva (Páscoa, Dia do Soldado, Dia do Índio, etc) - Nossa! Que expectativa!!! Eu ficava ali, esperando, quase imóvel... rss. Fora isso só em missas festivas, o fotógrafo já ficava na porta da igreja esperando a bênção final do padre para atender os que queriam tirar fotos ao altar, e lá íamos nós pra fila tirar "retrato", como diziam na época.

Nos anos 70 só tinha câmera fotográfica em casa quem fosse rico, então se pagava por cada foto em preto e branco e a entrega da foto só depois de uma semana, no mínimo, pois o fotógrafo teria que ir à capital pra revelar. 
Então foi dessa forma que o álbum de família foi se formando, já que meus pais nunca tiveram uma câmera fotográfica. 

Somente depois de adulta que uma das minhas irmãs comprou uma câmera, já no meado dos anos 80, era ainda o tempo das analógicas, todo mundo lá em casa dava uma de fotógrafo, mas era uma decepção quando, após revelar o filme, se descobria que metade havia queimado ou as fotos estavam sem imagem por causa do famoso dedão na frente, quando não tremidas, aff! Porém, com o tempo fomos aprendendo.

Não poderia deixar de registrar aqui que algumas fotos apenas tenho guardadas na memória, fotos de papel que se perderam, que não foram digitalizadas a tempo... Uma delas é uma das fotos mais marcantes para mim: Uma em que o meu marido (estamos juntos há 25 anos) e eu estávamos numa praia, ele me carregou e correu para a água; uma prima tirou, portanto, duas fotos: a que coloquei no mosaico, que estamos meio de lado, e outra com perfil mais de frente que foi tirada quando, ao parar na espuma das águas, a onda formou um coração ao redor dos seus pés. O resto do filme queimou ao revelar e isso deu um tom rosado à fotografia. Realmente, ficou muito bonita. Mas infelizmente a foto foi perdida depois de alguns anos.

Sempre fui apaixonada por fotografia e por muito tempo dizia que queria um curso profissional, mas nunca tive a oportunidade, então me contentava em ser a fotógrafa amadora da família, aquela que registra tudo.

Recordo o tempo em que fotografia era algo muito sério, quase formal, onde as pessoas faziam poses estáticas, impondo respeito à sua própria imagem, sem muitas caras e bocas como vemos hoje. Porém, viva a era digital, não é mesmo?!
Como é interessante podermos flagrar os momentos, as pessoas exatamente como são, de forma inusitada, surpreendente, mostrando tudo e todos desnudos de máscaras e poses, com nossas câmeras possantes ou escondidinhas no celular.

Já perdi a conta dos milhares de fotografias que tenho arquivados no computador, mas não deixo de imprimir também e colocar em porta-retratos e mosaicos nas paredes da casa. São fotos das três gerações da minha família, sem falar dos amigos que sempre aparecem me pedindo para fazer um book... E olha que dá certo, hein?! Sai cada foto muito interessante, bem enquadrada, buscando expressões e boa iluminação, porém ainda não consegui obter uma câmera de muito boa qualidade. Enquanto isso, qualquer uma serve, até celular! O importante é fotografar!

Um comentário:

  1. Se tem uma coisa que me prende é histórias e junto com seus momentos, contando os fatos em que ocorreram tuas fotografias, tu me prendeste. ;) Gosteei do blog.

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